Gestão de Fornecedores
Programa de diversidade de fornecedores no Brasil: guia completo para aplicar na sua empresa!
No dia 14 de maio de 2022, o mundo ficou mais uma vez em choque, quando o principais jornais americanos informaram a ocorrência de mais um “tiroteio em massa"no país. O massacre, ocorrido em Buffalo, no estado de Nova Iorque, deixou mais de dez pessoas negras mortas.
Mais de 200 ocorrências como essas aconteceram nos Estados Unidos, segundo o Gun Violence Archive.
Horas depois, confirmou-se a motivação racista do atirador, que se filiava a teoria da “grande substituição”, isto é, à crença falsa de que americanos brancos estariam sendo “substituídos” por outras raças no país.
O triste episódio em Buffalo acontece dois anos depois da ultrajante foto do assassinato de George Floyd por um policial americano branco rodar o mundo, no dia 25 de maio de 2020. A morte de Floyd resultou em uma série de protestos globais contra o racismo.
Infelizmente, no Brasil, não estamos imunes a cenas como essa. Em novembro de 2020, na véspera do Dia da Consciência Negra, um homem negro foi espancado e morto por dois homens brancos, no Rio Grande do Sul.
O assassinato de João Alberto acabou se tornando a versão brasileira do ocorrido nos EUA, reacendendo o debate nacional sobre como as empresas tem trabalhado o tem diversidade em sua estratégia corporativa.
Considerando o quão relevante se tornou a discussão sobre racismo estrutural programas de diversidade de fornecedores se tornam mais importantes do que nunca.
Entretanto, pouquíssimas empresas, de fato, possuem tais iniciativas, e mesmo as que possuem, as fazem apenas para manter aparências.
Este artigo vai te ajudar a entender os principais benefícios comerciais, sociais reputacionais de implementar um programa de diversidade de fornecedores, bem como os seis passos que você precisa seguir para implementá-lo em sua corporação.
Entenda também como a solução de gestão de fornecedores em rede da Linkana pode ajudar você nesta jornada!
O que são fornecedores diversos e de economia inclusiva?
A definição popularizada pelo Nacional Minority Supplier Development Council (NMSDC), a mais antiga entidade voltada à defesa dos interesses de grupos étnicos sistematicamente excluídos, diz que:
"Um fornecedor diverso é uma empresa cujo controle ou propriedade é de, ao menos 51% de um indivíduo ou de um grupo minoritário"
Com o passar dos anos, o conceito étnico de minoria foi expandido para outros grupos minoritários, como mulheres e pequenos negócios e, mais recentemente, para grupos como LGBTQIA+ , bem como para Pessoas com Deficiência (PcD).
Nos Estados Unidos, país que iniciou a tradição de programas de diversidade de fornecedores, existem aproximadamente 16 categorias legais utilizadas para identificar fornecedores diversos.
Em novembro de 2021, o país tornou permanente a U.S. Department of Commerce Minority Business Development Agency (MBDA), agência do governo americano dedicada exclusivamente ao crescimento e competitividade de negócios controlados por grupos minoritários.
De acordo com a agência, existem mais de 9 milhões de negócios controlados por grupos minoritários nos Estados Unidos, que empregam mais de 8 milhões de pessoas e geram 1,8 trilhões de dólares em receitas anualmente.
O fundador e CEO da Linkana, Leo Cavalcanti, observa que não existem leis específicas ou regras disseminadas de entidades de fomento para as classificações de fornecedores diversos feitas no Brasil.
“Por isso, na gestão de dados e perfis que fazemos na Linkana, importamos as melhores práticas do contexto internacional, adequando sempre que necessário à realidade e especificidade do nosso país.”
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Definições específicas de fomento para pequenos negócios
Além da definição sobre o que são fornecedores diversos, também existem definições específicas de fomento para pequenos negócios, assim como para empresas localizadas em áreas economicamente desfavorecidas, chamadas comumente de fornecedores inclusivos ou de economia inclusiva.
Gilson Alencar, Gerente de Procurement e Líder do Programa de Diversidade e Inclusão de Fornecedores da Mondelez Brasil, acredita que o conceito de diversidade poderia ser ainda mais amplo, incluindo refugiados vítimas de conflitos geopolíticos, por exemplo. Porém a importância de focar em grupos com maior representatividade direciona com maior foco a execução do programa.
“Quando falamos de grupos minorizados, nos referimos a todas as pessoas que se encontram em categorias que sofrem com o preconceito, a desigualdade e a baixa representatividade nos espaços de influência. Então existem outros grupos que poderiam ser incluídos, tais como ex-presidiários, outras etnias, veteranos de guerra, pessoas com mais de 60 anos, entre outros" — Gilson Alencar | Gerente de Procurement e Líder do Programa de Diversidade e Inclusão de Fornecedores da Mondelez Brasil
De acordo com o líder da Mondelez Brasil, a definição de fornecedores diversos poderá variar a depender da empresa e sua geografia. Ele acredita que o objetivo de um programa de diversidade e inclusão está baseado no poder socioeconômico que as empresas podem gerar nos grupos.
“O mais importante é ter força suficiente e aprovação da classificação de diversidade utilizada. Só assim que os esforços realmente trarão mudanças. A pulverização pode trazer perda de foco no direcional do programa.”
Small Business Enterprises (SBEs) ou Micro e Pequenas Empresas (MPEs)
Small Business Enterprises (SBEs) ou Micro e Pequenas Empresas (MPEs), são as empresas e negócios em desvantagem econômica, analisados a partir de critérios como faturamento e quantidade de funcionários.
Nos Estados Unidos, os critérios são definidos pela tabela de padrões de tamanho da Small Business Administration (SBA).
No Brasil, os critérios para identificação de MPEs por faturamento são determinados pelo BNDES, Banco de Desenvolvimento Econômico e Social, pela Lei Complementar n° 123/2006, e por quantidade de funcionários pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE e pelo SEBRAE.
Para o CEO da Linkana, a maneira como deve ser considerada a classificação de MPEs no Brasil pode ser resumida de acordo com a tabela a seguir:
Além disso, Leo Cavalcanti reforça que a Linkana não considera MPEs fornecedores que contam com pessoas jurídicas em seu quadro societário, por tais estruturas serem consideradas como unidades ou parte de grupos ou conglomerados econômicos.
Minority Business Enterprises (MBEs) ou Empresas Controladas por Grupos Minoritários
Minority Business Enterprises (MBEs) ou Empresas Controladas por Grupos Minoritários são negócios que pertencem ou são controlados por membros de grupos minoritários.
Nos Estados Unidos, os “membros de grupos minoritários” são grupos étnicos específicos, como africanos, asiáticos, hispânicos e americanos nativos.
A propriedade e controle por indivíduos minoritários significa que a empresa é de, pelo menos, 51% de propriedade e administração de tais indivíduos.
Para a realidade brasileira, Gilson Alencar acredita em focar inicialmente nos grupos que “tradicionalmente” sofrem mais no nosso país: pretos e pardos, indígenas, pessoas com deficiência (PcD), mulheres e pessoas LGBTQIA+.
“Após a implementação, medição e resultados positivos na inclusão desses grupos, novos grupos poderiam ser incluídos para expandir o potencial impacto do programa.”
Women Business Enterprises (WBEs) ou Empresas Controladas por Mulheres
Women Business Enterprises (WBEs) ou Empresas Controladas por Mulheres são negócios que pertencem ou são controlados por mulheres.
Apesar de o número de homens e mulheres no planeta ser praticamente igual, de acordo com dados de 2017 da Organização das Nações Unidas (ONU), as empresas de propriedade de mulheres representam apenas um terço dos negócios no mundo, e somente 1% dos gastos corporativos globais estão beneficiando essas empresas.
A propriedade e controle por mulheres significa que a empresa é de, ao menos, 51% de propriedade e administração delas.
De acordo com Leo Cavalcanti, a Linkana adota essa mesma interpretação internacional para validação de informações de fornecedores no Brasil.
Historically Underutilized Business Zones ou Empresas em Zonas Historicamente Subutilizadas
O programa HUBZone foi criado nos Estados Unidos para pequenos negócios que operam e empregam pessoas em zonas geográficas historicamente pouco aproveitadas no país, seguindo os critérios do HUBZone Empowerment Act (1998).
Nos termos da lei americana, a empresa além de estar localizada em uma HUBzone, precisa ser também uma Small Business Enterprises (SBE).
No Brasil, apesar de ainda não existir um critério legalmente definido para HUBZone, o critério análogo utilizado pela Linkana, compartilhado pelo seu CEO, é o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do município ou da região impactada, bem como áreas específicas de baixo desenvolvimento, como favelas e comunidades carentes.
Assim, o ponto de partida da Linkana para o cenário brasileiro é considerar uma Zona Historicamente Subutilizada, um município ou região de fornecimento com IDH abaixo da média nacional, além de obrigatoriamente avaliar se o fornecedor é uma SBE.
Para contextualizar, considerando dados do último censo do IBGE realizado em 2010, o IDH médio dos municípios do país era de 0,659. Por esse critério, todas as capitais brasileiras estariam acima da média nacional, e 47% dos municípios do país, principalmente na região norte e nordeste, estariam abaixo deste nível.
Qual a importância de contratar fornecedores diversos?
Em seu livro Trade Wars, pandemics and chaos, Dr. Elouise Epstein, mulher trans e uma das maiores referências em procurement do mundo, afirma categoricamente que “diversidade não é mais uma escolha”.
Leo Cavalcanti entende que existem razões políticas, sociais e econômicas que reforçam cada vez mais tal afirmação.
Passividade não é mais uma opção
Desde as tragédias ocorridas no verão de 2020, e a ascensão do movimento Black Lives Matter (BLM), grandes empresas passaram a levar bem mais a sério o problema crônico de injustiça social e racismo no mundo.
“Nós vivemos uma “cultura do cancelamento”, onde comportamentos complacentes podem levar a um êxodo de clientes.” — Dr. Elouise Epstein, sócia e consultora na Kearney, e uma das pessoas mais influentes do mundo em tendências para Procurement Digital
O Starbucks aprendeu isso da pior maneira em junho de 2020, quando teve que recuar de um comunicado atrapalhado no qual proibia manifestações e camisetas BLM pelo seu quadro de funcionários.
Infelizmente, isso só aconteceu após a empresa ser ferozmente atacada por consumidores em redes sociais e nas ruas, clamando por um boicote da sua rede de lojas espalhadas pelo mundo.
O ponto de Epstein não é julgar se o Starbucks foi uma vítima de cancelamento, ou se a corporação foi de fato racista e mereceu o que aconteceu.
O ponto dela é lembrar que vivemos num mundo de hiper-transparência e velocidade das redes sociais, onde a reação de consumidores a questões sociais é uma das maiores alavancas para mudança de maus comportamentos de empresas.
Uma empresa que não se preocupa com isso está fadada a sofrer as mesmas represálias e prejuízos que empresas como Starbucks sofreram nos últimos anos.
64% dos "millennials" afirmam que não trabalhariam em organizações de baixa responsabilidade social, segundo pesquisa da consultoria global McKinsey & Company, divulgada em maio de 2022
49% dos indivíduos que conheciam as iniciativas de diversidade de fornecedores da Coca-Cola eram mais propensos a usar produtos da Coca-Cola, segundo um estudo de 2019.
Diversidade de fornecedores gera benefícios econômicos
Ainda segundo a pesquisa da McKinsey mencionada, MBEs e WBEs oferecem, em média, 8,5% de redução de custos ano a ano, consideravelmente menos que os 3% a 7% que a maioria das organizações conseguem em suas atividades.
Além disso, MBEs e WBEs pagam salários em média 48% maiores do que empresas tradicionais, além de serem 67% mais prováveis de contratar talentos advindos de grupos minoritários.
Segundo a consultoria americana, mais de um terço dos investimentos globais estão alocados em ativos e empresas que priorizam temas como diversidade, equidade e inclusão, totalizando mais de 30 trilhões de dólares.
Como em média 58 centavos de cada dólar em receita de corporações é gasto com fornecedores, a cadeia de fornecimento hoje é uma das maiores oportunidades de expandir os benefícios econômicos trazidos pela diversidade.
Outro levantamento, esse realizado pela consultoria The Hackett Group revelou que 99% dos fornecedores diversos contratados por grandes empresas atingem ou excedem suas expectativas.
Somado a isso:
organizações tidas como referências em procurement no mundo gastam em média 33% a mais com fornecedores diversos do que a média das empresas;
corporações que alocam 20%, ou mais, de seus gastos com fornecedores diversos atribuem até 15% de suas vendas anuais a programas de diversidade de fornecedores;
já empresas que direcionam menos de 20% dos gastos atribuem menos de 5%.
Opinião do especialista
Líder Regional América Latina do Programa de Diversidade e Inclusão de Fornecedores e também Champion Global para categorias de Marketing Services na Johnson & Johnson (J&J), Marcos Domingues reconhece que as corporações precisam de fato olhar para além dos números e buscar uma compreensão maior sobre qual o impacto que a inclusão de fornecedores diversos pode gerar no ecossistema e comunidades onde os fornecedores estão localizados.
“Globalmente na J&J temos milhares de fornecedores que fornecem diferentes materiais e serviços necessários para o desenvolvimento, produção e comercialização de nossos produtos e que esses mesmos fornecedores empregam direta e indiretamente milhares de pessoas, que geram renda às suas famílias e movimentam financeiramente suas comunidades em muitos casos como nossos consumidores e pacientes. É uma preocupação genuína manter uma cadeia de valor diversa, inclusiva e que traz sempre inovação, qualidade e competitividade.” — Marcos Domingues | Líder Regional América Latina do Programa de Diversidade e Inclusão de Fornecedores na Johnson & Johnson
Além disso, Marcos enfatiza que é necessário compartilhar com os fornecedores quais são os propósitos das corporações em promover o programa de diversidade e inclusão, como isso está associado aos valores da empresa e objetivos de curto, médio e longo prazo.
“Sempre que identificamos uma empresa com características de um fornecedor diverso, explicamos cuidadosamente detalhes do nosso programa, como ele está alinhado com nossos valores descritos em nosso credo e porque tê-los como fornecedores certificados é importante para nós.”
E grandes empresas americanas sabem disso: elas já comprometeram mais de US$ 50 bilhões em gastos com MBEs e WBEs para a próxima década.
Como identificar que um fornecedor é diverso?
Considerando que várias das informações utilizadas para identificar WBEs e MBEs são privadas e declaradas pelo próprio fornecedor, existem uma série de entidades de fomento e certificações oficiais que dão maior credibilidade e visibilidade no processo de identificação e contratação de fornecedores diversos.
Além das certificações, empresas também utilizam critérios como a própria autodeclaração ou autocertificação do fornecedor em questões ou requisitos de diversidade.
Organizações de fomento e certificações de diversidade
Existem diversas entidades e organizações que, além de facilitar o acesso de empresas compradoras a fornecedores diversos, também oferecem certificações que dão mais credibilidade aos critérios e definições de empresas diversas, por meio de critérios e metodologias próprias de coleta e análise de informações.
Boa parte dessas entidades tiveram sua origem ou operam exclusivamente nos Estados Unidos e, infelizmente, a maioria delas não têm representação no Brasil.
A seguir, apresentaremos as principais com atuação nacional:
Organizações de fomento para fornecedores no Brasil
Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil (Câmara LGBT)
A Câmara LGBT é uma associação sem fins lucrativos brasileira que tem como principal objetivo desenvolver relações de negócios entre pessoas e empresas da Comunidade LGBT.
Segundo Ricardo Gomes, presidente da entidade, uma de suas principais atribuições é credenciar empresas LGBT, seguindo os critérios do seu Projeto Fornecedores Diversos.
O Projeto faz parte do Projeto Global da NGLCC – National LGBT Chamber of Commerce dos Estados Unidos, que congrega as Câmara LGBTs que trabalham com programas de fornecedores diversos.
“Nosso propósito é credenciar empresas comandadas majoritariamente por empresáries da comunidade LGBT, onde mais de 50% das ações estejam em nome de sócios da comunidade.” — Ricardo Gomes | Presidente na Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil.
Ainda, segundo Ricardo, o objetivo do Programa é empoderar empresáries através de canais de acesso a grandes compradores. Com isso, a associação apoia novas oportunidades de negócios para fornecedores LGBTs, criando uma cadeia de negócios onde empresas crescem e ampliam suas contratações de pessoas LGBTQIAP+.
“Quanto às grandes corporações, queremos ajudá-las a inserir no seu programa as empresas LGBTs que realmente sejam comandadas por pessoas da comunidade, cumprindo assim o seu papel social.”
Integrare
Fundada em 1999, a Integrare dedica esforços na promoção de inclusão e desenvolvimento empresarial de fornecedores provenientes de grupos sub-representados, provendo acesso e capacitação em negócios.
A organização sem fins lucrativos incentiva empreendedores afrodescendentes, pessoas com deficiência ou indígenas a tornarem-se fornecedores de grandes empresas, aumentando assim sua participação e competitividade na cadeia produtiva, desenvolvendo mercados locais ao mesmo tempo contribuindo para uma sociedade mais igualitária.
Umberto Brito é gerente de Relacionamentos Institucionais da Integrare. O executivo reconhece que inclusão e diversidade sempre foram um tema polêmico e pouco prioritário no mundo corporativo.
“Nos últimos anos, entretanto, nós membros da Integrare temos observado um envolvimento extremamente proativo pelas grandes organizações, líderes no mercado nacional e internacional na promoção da igualdade, ou seja, que todos sejam regidos pelas mesmas regras além do reconhecimento que não somos todos iguais e que o desequilíbrio seja ajustado.” — Umberto Brito | Gerente Técnico & Relacionamentos Institucionais na Integrare
Umberto observa também que os esforços de soluções do mercado e grandes corporações têm contribuído com resultados importantes em inclusão e desenvolvimento através da cadeia de suprimentos.
“Eventos sobre Programas de Diversidade de Fornecedores, como este último Linkana Talks organizado pela Linkana, promovem discussão, conexão e o compartilhamento de boas práticas incentivando e engajando mais players nesta missão de inclusão.”
RME - Rede Mulher Empreendedora
A RME – Rede Mulher Empreendedora foi criada em 2010 e é a primeira e maior plataforma de apoio às mulheres empreendedoras ou que querem empreender no Brasil.
A entidade foi fundada pela empreendedora social Ana Fontes, e hoje conta com 1 milhão de participantes conectadas e já impactou a vida de mais de 9 milhões de mulheres.
Célia Kano é co-CEO da RME. Nas palavras da copresidente, a RME tem o propósito de apoiar as mulheres na busca por autonomia econômica e geração de renda, por meio de capacitações, conteúdo qualificado, conexões, mentorias, acesso ao mercado, através de marketplace, programas de aceleração e acesso ao capital.
“Das mulheres empreendedoras, 85% negociam apenas com pequenas empresas e 55% indicaram que não sabem vender B2B, segundo uma pesquisa interna que realizamos em 2018.” — Célia Kano | co-CEO da RME e diretora do Instituto RME
No ano de 2019, foi lançado o Programa RME Conecta, que capacita, certifica e conecta negócios liderados por mulheres e grandes empresas compradoras para venda B2B. O programa tem o apoio da ONU Mulheres, Movimento Elas Lideram 2030 da Rede Brasil do Pacto Global e do Movimento Mulher 360. Célia reforça que a RME disponibiliza em sua plataforma todas as informações sobre o programa e o portfólio das empresas certificadas.
“O caminho para as compras sensíveis ao gênero cobra que as empresas facilitem o acesso de conexão, negociação e fornecimento e revisitem as condições de pagamento que impõem para os seus fornecedores.”
Em 2017, a entidade fundou o Instituto RME, braço social da RME para apoiar mulheres em vulnerabilidade social. Desde então, dezenas de projetos foram executados com resultados positivos. Neste período, a organização gerou mais de R$ 32 milhões em renda para as mulheres impactadas direta e indiretamente.
WEConnect International
A WEConnect International é uma rede global que conecta empresas de propriedade de mulheres a compradores em todo o mundo. A WEConnect é uma das poucas entidades com representação no Brasil desde 2015.
É a única organização aqui no Brasil que oferece a certificação Empresa de Mulher, que avalia se pelo menos 51% da empresa realmente pertence a uma ou mais mulheres.
Ao conseguir a certificação, as empresárias recebem convites para foros e eventos com compradores corporativos. Seu diretório global possui mais de 5.000 empresas que pertencem a mulheres.
Também oferecem capacitações e rodadas de negócios sempre com o intuito de promover o crescimento de empresas de mulheres.
É possível se registrar gratuitamente para acessar a rede de mulheres empresárias do WEConnect e conferir os programas de capacitação.
Outras organizações de fomento
Disability:IN
Disability:IN é a maior organização sem fins lucrativos para inclusão de pessoas com deficiência nos negócios no mundo, com uma rede de mais de 400 corporações filiadas.
A Disability:IN certifica empresas exclusivamente nos Estados Unidos.
National LGBT Chamber of Commerce (NGLCC)
A NGLCC é uma entidade fundada em 2002 exclusivamente para certificar as LGBT Business Enterprise (LGBTBE).
De acordo com informações no site da empresa, um terço das empresas Fortune 500 reconhecem sua certificação, gerando mais de 1,7 trilhões de dólares em impacto econômico.
A NGLCC certifica empresas exclusivamente nos Estados Unidos.
National Minority Supplier Development Council (NMSDC)
Fundada em 1972, a NMSDC é a organização de fomento sem fins lucrativos mais antiga para grupos étnicos sistematicamente excluídos nos EUA (asiáticos, negros, hispânicos e nativos americanos).
Conforme informações da própria entidade, ela conta hoje com mais de 15.000 MBEs conectadas a mais de 1.500 corporações, resultando em quase US$ 400 bilhões em receitas e sustentando 1,75 milhão de empregos.
A NMSDC certifica empresas exclusivamente nos Estados Unidos.
National Veteran Business Development Council (NVBDC)
A NVBDC é uma organização que certifica negócios de propriedade de veteranos de guerra nos Estados Unidos.
A NVBDC certifica empresas exclusivamente nos Estados Unidos.
Women’s Business Enterprise National Council (WBENC)
A WBENC é uma organização sem fins lucrativos fundada em 1997 com o objetivo de desenvolver um padrão nacional para certificação de empresas de propriedade de mulheres.
Atualmente, a organização é a maior certificadora terceirizada de empresas pertencentes, controladas e operadas por mulheres nos Estados Unidos.
A WBENC opera exclusivamente nos Estados Unidos.
Buy Social Canada
A Buy Social Canada está redefinindo como bens e serviços são comprados e vendidos, apoiando grandes corporações na construção de relacionamentos entre fornecedores sociais e compradores sociais.
Canadian Aboriginal and Minority Supplier Council (CAMSC)
O CAMSC facilita o crescimento de empresas aborígenes e minoritárias, conectando-as a oportunidades de compras com empresas e governos comprometidos com uma cadeia de suprimentos diversificada e inclusiva.
MSDUK
O MSDUK representa negócios de Minorias Étnicas Britânicas desde 2006, trabalhando com as principais corporações globais comprometidas em construir cadeias de suprimentos diversas e inclusivas.
Réseau des Femmes d’affaires du Québec (RFAQ)
O objetivo da Rede de Negócios de Mulheres de Quebec (RFAQ) é fornecer ferramentas e recursos necessários para que negócios controlados por mulheres enfrentem seus desafios profissionais e corporativos.
South African Supplier Diversity Council (SASDC)
O SASDC tem como objetivo criar uma cadeia de fornecimento diversificada em grandes corporações, dando acesso ao mercado de compras a empresas controladas por negros.
Social Enterprise UK
Social Enterprise UK é a principal autoridade global em empreendimento social e a maior rede de fornecedores sociais do Reino Unido.
The Billion Dollar Roundtable
The Billion Dollar Roundtable foi criado em 2001 para reconhecer corporações que gastaram ao menos US$ 1 bilhão com fornecedores de grupos minoritários e mulheres, e incentivar empresas a aumentarem os gastos com seus programas de diversidade de fornecedores.
Autodeclaração e autocertificação de diversidade
São muitos os benefícios que entidades de fomento e certificações oferecem:
fornecedores ganham visibilidade e credibilidade para se destacar em concorrências;
corporações têm mais garantias e legitimidade para que tais fornecedores sejam aceitos em suas metas de gastos com diversidade e inclusão.
Entretanto, ser uma empresa certificada por tais entidades, ou aguardar definições legais do governo, nem sempre é viável ou simples, principalmente em países como o Brasil.
Como vimos anteriormente, pouquíssimas organizações certificadoras possuem atuação em território brasileiro — a maioria atua exclusivamente nos Estados Unidos — e mesmo aquelas que atuam no Brasil, ainda não possuem uma base de fornecedores diversos relevante o suficiente para oferecer muitas opções a corporações que buscam expandir a diversidade em suas cadeias de fornecimento.
Além de processos que podem demorar meses para serem concluídos, o custo de uma certificação dessas entidades pode ser superior a cinco mil reais e ela ainda precisaria ser renovada anualmente para continuar válida.
O alto custo e a burocracia do processo de certificação cobram um pedágio ainda maior de empresas diversas, por serem em média menos preparadas financeiramente e gerencialmente para enfrentar tais situações.
Durante a pandemia da Covid-19 em 2020, por exemplo, uma pesquisa do Bureau Nacional de Pesquisa Econômica mostrou que 26% dos empresários afro-americanos fecharam seus negócios entre fevereiro e maio, em comparação com 11% de empresas controladas por brancos.
Na visão de Leo Cavalcanti, a solução intermediária e rápida para esse problema é permitir que os próprios fornecedores façam a autodeclaração de tais informações com validação automática de evidências, o que ele chama de autocertificação ou certificação automática.
“Soluções como a Linkana utilizam tecnologia de ponta para padronizar a coleta e validação de dados de fornecedores automaticamente, identificando e auxiliando na certificação de fornecedores diversos de acordo com os melhores critérios e boas práticas de mercado.”
O CEO complementa que outras validações são utilizadas pela Linkana para gerar a autocertificação, dando credibilidade e legitimidade ao declarado pelos fornecedores.
Isso inclui legitimação de responsabilidade de representante legal via certificação digital e validações inteligentes de informações de quadro societário, como gênero presumido de acordo com o nome da pessoa, e leitura automática de informações de propriedade e controle societário em contrato social.
Como implementar um programa de diversidade de fornecedores no Brasil?
Uma vez ciente dos desafios para identificar e encontrar fornecedores diversos ou inclusivos, a última etapa é entender o melhor caminho que uma empresa brasileira deve trilhar para a implementação de um programa de diversidade de fornecedores de sucesso.
1 - Construa um case e demonstre as vantagens competitivas
Ian Nunjara é ESG Partnership and Engagement Specialist no Nubank, e um dos responsáveis por liderar a criação de estratégias de diversidade e inclusão para fornecedores do banco digital.
Ele acredita que construir uma cadeia de suprimentos mais diversa é extremamente importante para gerar impacto no ecossistema corporativo.
“Conseguimos não só gerar mais oportunidades para fornecedores que eventualmente não conseguiriam fazer parcerias com grandes empresas, mas também promover inovação e novas formas de pensar sobre problemas que historicamente se repetem. Todas as pontas são beneficiadas: a empresa, o fornecedor e a sociedade.” — Ian Nunjara | ESG Partnership and Engagement Specialist no Nubank.
Entretanto, os benefícios e vantagens de um programa de diversidade precisam ser demonstrados para garantir o sucesso do projeto dentro da corporação. Neste contexto, a Dr. Epstein propõe um passo-a-passo para qualquer processo de transformação em procurement:
Avalie o tamanho da oportunidade
Identifique as soluções possíveis para implementação do programa
Idealize o cenário futuro após sua implementação
Construa o case que efetivará a implementação
Comunique a oportunidade para as áreas que serão impactadas
Explique por quais motivos a ferramenta escolhida é a solução certa
Demonstre o ROI do programa após sua implementação
Além disso, é extremamente recomendado que você separe parte do tempo para sessões de benchmarking.
Apesar de ainda ser de maneira tímida e incipiente, grandes corporações presentes no Brasil já vem desenvolvendo ou tentando desenvolver seus Programas de Diversidade de Fornecedores há alguns anos.
Logo, pode ser extremamente válido conhecer as boas práticas e formatos adotados por tais empresas de referência, mesmo que de setores e ramos de atuação distintos.
2 - Consiga o compromisso da alta liderança
O compromisso da alta liderança deve ser orientado a aceitar a diversidade de fornecedores como uma decisão operacional e estratégica da empresa de longo prazo.
Isso significa que a liderança, seja ela o presidente, CEO ou CPO (Chief Procurement Officer) da corporação, deve se comprometer e defender publicamente o programa, garantindo-lhe legitimidade, além de disponibilizar os recursos humanos e financeiros necessários para a sua implementação e execução.
Na opinião de Gilson Alencar, o apoio dos CPOs não deve ser apenas em vídeo ou comunicação social.
O C-level tem papel importante na definição da estratégia das áreas, na gestão da inclusão dos fornecedores diversos no processo de concorrência e nos resultados concretos desses processos de concorrência, contendo a inclusão ou não dos grupos diversos.
“Nas sessões de apresentação da estratégia de compras, as pessoas falam sobre diversidade e inclusão de fornecedores? Essa mudança na organização modifica hábitos, e os compradores buscam cada vez mais entender no mercado as oportunidades de negócios com os grupos diversos.”
O case construído deve ser explicado para todas as áreas impactadas, ratificando que o programa de diversidade de fornecedores é uma estratégia da empresa com o objetivo de gerar valor para todos os envolvidos, e não apenas um projeto social passageiro.
Este alinhamento de expectativas disseminado pela alta gestão é fundamental para evitar objetivos conflitantes com o programa de diversidade de fornecedores, como por exemplo, compradores com metas de redução da quantidade de fornecedores ativos, enquanto o objetivo do programa é exatamente expandir e diversificar a base de fornecimento.
3 - Defina os "champions" de diversidade de fornecedores
Um programa de diversidade tem muito mais chances de dar certo quando lideranças informais são definidas para o processo.
Estas pessoas são denominadas "champions", isto é, uma pessoa ou grupo de pessoas da empresa que lideram os esforços de convencimento de pares e colegas acerca da importância do sucesso do programa, combatendo visões negativas, já refutadas nos números trazidos neste texto, como "fornecedores diversos são menos competentes", ou "a empresa está sacrificando qualidade para ser politicamente correta".
Leonardo Rentroia Viana ocupa a função de Global Supplier ESG Program Manager na Dow, uma das três maiores fabricantes de produtos químicos do mundo. Ele explica que o champion é aquela pessoa que dá tração e advoga a favor das práticas de diversidade de fornecedores.
“Geralmente é uma atividade voluntária e feita em conjunto com as outras atribuições tradicionais. Esse “extra” traz engajamento e inspiração dos colegas.” — Leonardo Rentroia Viana | Global Supplier ESG Program Manager na Dow
Um bom champion, acima de tudo, tem a capacidade de inspirar pessoas enquanto líder, bem como de convencê-las do mérito de ideias em prol de um bem organizacional coletivo, acima de interesses ou metas profissionais individuais.
Nunjara destaca que, tão importante quanto pensar neste tema, é garantir que os times envolvidos na construção de uma cadeia de suprimentos diversa, também sejam compostos por pessoas diversas.
“O trabalho de diversidade começa na construção destes times, trazendo a experiência de pessoas de grupos sub-representados para pensar em uma estratégia de forma intencional.
Quando há a diversidade nestes times, é possível estimular inovação para suportar as tomadas de decisão e, sem dúvidas, maior expertise para os projetos.” Ian Nunjara — ESG Partnership and Engagement Specialist no Nubank
4 - Formalize a política de fornecedores diversos
A política do programa de diversidade de fornecedores definirá critérios aceitos por sua empresa para identificação de fornecedores diversos e inclusivos. Para isso, a empresa deve definir quais entidades certificadoras são válidas, ou se a corporação considera válida informações de auto-declaração ou certificação de plataformas como a Linkana, por exemplo.
É importante ressaltar que uma política de um programa de diversidade e inclusão de fornecedores só será eficaz se permitir de fato a expansão da diversidade dentro da cadeia de fornecimento da corporação.
De que serve uma política engessada, que restringe demais ou torna praticamente impossível a identificação de fornecedores diversos e de economia inclusiva no Brasil?
Imagine que uma corporação aceita apenas como gasto diverso o gasto com um fornecedor certificado por uma entidade de fomento americana. Qual a utilidade deste programa para um fornecedor brasileiro que não tem acesso a tais certificações?
Na visão do CEO da Linkana, pouquíssima, ou nenhuma: “Isso não só joga contra a própria ideia da diversidade e inclusão, como também cria barreiras econômicas e burocráticas para grupos que historicamente sofrem ainda mais com decisões deste tipo”.
Superado este dilema e definida a política, em regra os critérios a serem adotados precisam ser submetidos à aprovação formal da alta liderança da empresa para poderem ser efetivados.
Além disso, a política deve definir outras regras de governança, como quantidades e percentuais mínimos de participação de fornecedores diversos na realização de concorrências e tomadas de preço, bem como os sistemas e ferramentas que serão utilizados para medir o sucesso e impacto das ações realizadas.
Cassiano Capareli é Gerente de Procurement, além de Colíder do pilar de Diversidade e Inclusão na Mondelez Brasil.
Para ele, uma política efetiva também deve incluir regras e processos, que eliminem barreiras à geração de negócios com empresas diversas e de inclusão econômica.
“Um dos exemplos mais comuns é a rigidez de prazos de pagamentos elevados, na ordem de 90 a 120 dias, que inviabiliza a participação de empresas de menor porte e fluxo de caixa.
Portanto, à exemplo da Mondelez, a política deve permitir a flexibilização desses prazos para esses negócios, assim como disponibilização de ferramentas de Adiantamento de Recebíveis para fornecedores, isenção de taxas de sistema e de auditorias externas, entre outras iniciativas.” — Cassiano Capareli | Gerente de Procurement e Colíder do Pilar de Diversidade e Inclusão na Mondelez Brasil
5 - Construa um plano de comunicação
Giovanna Martins é a champion e Líder de Compras Estratégicas para América Latina na Baker Hughes, bem como Líder do Programa de Diversidade de Fornecedores da corporação para o Brasil.
Segundo ela, é de suma importância que seja elaborado e implementado um plano de comunicação interna antes da divulgação para o mercado, clientes e fornecedores.
“Na Baker Hughes, a premissa desde o início foi de que o Programa de Diversidade de Fornecedores é de todos os colaboradores que fazem parte da companhia. As equipes de Sourcing normalmente centralizam as atividades principais e lideranças, pois são os agentes responsáveis pela execução final do processo.
No entanto, o “ownership” e a responsabilidade pelo Programa são e devem ser compartilhados entre todos, uma vez que cada um pode contribuir de formas diferentes e complementares para seu desenvolvimento.” — Giovanna Martins | Líder de Compras Estratégicas e Líder Brasil do Programa de Diversidade de Fornecedores na Baker Hughes.
Giovanna destaca a importância da empresa e seus colaboradores saberem em primeira mão que a sua Companhia está lançando um Programa de Diversidade de Fornecedores e o que isso representa.
Além disso, ela entende que a preparação envolve não só a elaboração de um bom material sobre o tema, mas também um mapeamento do público-alvo com alto poder de mobilização e influência, como por exemplo gestores de equipes, para convidá-los para sessões de apresentação sobre o Programa.
“A mudança de mentalidade e de cultura deve ser organizacional envolvendo todos os setores da empresa.
A inclusão de fornecedores envolvendo todos os setores da empresa. A inclusão de fornecedores diversos na cadeia de suprimentos não depende apenas de compradores, portanto, cada colaborador da Baker é considerado um Champion da Diversidade. Para além do compartilhamento da informação, podemos elencar, por exemplo, que a identificação e recomendação de fornecedores diversos pode ser feita também por áreas requisitantes.
Posso citar também a própria abertura para analisar e considerar a participação de novos fornecedores diversos em projetos, bem como sessões de feedbacks, fundamentais para o aprendizado e desenvolvimento de todos os participantes.”
Além disso, Martins acredita na importância da busca por eventos e fóruns estratégicos que ocorrem internamente na empresa como oportunidade para pedir participação e compartilhar com os presentes sobre a iniciativa do programa.
“Os chamados Grupos de Afinidade podem ser ótimos parceiros para difundir e proporcionar discussões sobre o tema. Você também pode criar correntes internas de e-mails para todos os funcionários, além de incluir em newsletter e portais internos da empresa com as novidades sobre o Programa.”
Por fim, a líder da Baker reforça que além de prezar pela massificação da comunicação interna, é fundamental a manutenção da continuidade das atividades, para sempre reforçar o engajamento entre as pessoas, bem como a criação de símbolos para tornarem o programa mais fácil de ser lembrado.
O ponto de vista de mais uma champion
Thaís Marcelino da Silva é a champion de Diversidade e Inclusão de Fornecedores na Meta, área Brasil, um dos maiores conglomerados de tecnologia e mídias sociais do mundo (Facebook, Whatsapp e Instagram).
Ela entende que, para complementar o trabalho de persuasão interna descrito por Giovanna, também é necessário investir recursos em comunicação externa para garantir a efetividade e expansão de um programa de diversidade de fornecedores.
“Nossa experiência demonstrou a necessidade de investir em comunicação, pois os conceitos sobre diversidade de fornecedores e certificação ainda não são conhecidos no mercado brasileiro.
Por isso, decidimos investir em campanhas de mídia para disseminar o programa da Meta e conseguir trazer mais fornecedores diversos interessados em fazer negócios com a nossa empresa.” — Thaís Marcelino da Silva | Champion de Diversidade e Inclusão de Fornecedores na Meta no Brasil.
6 - Defina metas de gastos com fornecedores diversos
Por último, após a correta identificação de toda sua base de fornecedores e dos gastos com fornecedores diversos e inclusivos, a alta liderança da empresa deve estabelecer os objetivos de negócio voltados à expansão dos gastos com diversidade, que resultarão nos compromissos anuais ou plurianuais.
É fundamental o acompanhamento constante das métricas e KPIs diretamente ligadas ao objetivo do programa de diversidade de fornecedores, tais como:
quantidade de fornecedores diversos convidados para concorrências;
quantidade de novos fornecedores diversos;
aumento percentual em gastos com diversidade;
redução de custos trazidos por fornecedores diversos.
Capareli também ressalta a importância da empresa prover suporte contínuo às empresas diversas em suas bases de fornecimento, com apoio ao crescimento mútuo do negócio.
“Feedbacks e acompanhamento de performance são fundamentais não apenas para a longevidade da parceria, mas também para que as empresas diversas se tornem cada vez mais competitivas no mercado.
Esse relacionamento estreito tende a ser um benefício para ambas as partes e fomenta a inclusão na cadeia. Na linha do que prega Verna Myers, não é apenas diversificar, mas também garantir a inclusão.” — Cassiano Capareli | Gerente de Procurement e Colíder do Pilar de Diversidade e Inclusão na Mondelez Brasil.
“Diversidade é ser convidado para a festa; inclusão é ser chamado para dançar.” — Vernā Myers | VP de Estratégia de Inclusão na Netflix.
O Relatório de Benchmark de Gestão de Gastos Corporativos (BSM) de 2022 da Coupa, a partir de dados estatísticos das corporações que utilizam o software de e-procurement americano, aponta que o principal KPI de ESG na gestão de gastos corporativos é exatamente o gasto com fornecedores diversos. Ainda, a média atual deste indicador é de 23,9% de spend diverso nos dados das empresas analisadas.
Ratificando este item, Rentroia Viana não acredita na efetividade de um programa sem metas ou objetivos claros.
“Por mais que seja difícil definir uma meta no primeiro momento, é essa definição que será o norte da companhia e guiará as atividades que serão feitas. Tudo que não é medido, não é controlado, e perde força ao longo do tempo.” — Leonardo Rentroia Viana | Global Supplier ESG Program Manager na Dow.
Conclusão
Agora que você entendeu as principais informações e referências para implementar um bom programa de diversidade de fornecedores, chegou a hora de você dar o primeiro passo na implementação deste tema dentro de sua corporação.
Neste contexto, Rentroia Viana julga que as práticas de diversidade de fornecedores conversam diretamente com a efetivação da agenda de ESG dentro das companhias.
“Ter uma cadeia de fornecimento justa demonstra uma parte de sua responsabilidade social, além de ser uma maneira eficiente de desenvolver e fomentar negócios no ambiente onde estão inseridas.” — Leonardo Rentroia Viana | Global Supplier ESG Program Manager na Dow.
No entanto, na opinião de Leo Cavalcanti, esse processo exige muito planejamento, bem como encarar decisões difíceis.
O CEO da Linkana pondera que um bom programa de diversidade e inclusão de fornecedores no Brasil precisa enfrentar o desafio de equilibrar a credibilidade e a segurança das parcerias com entidades de fomento e certificadoras oficiais, com a eficiência e acessibilidade de critérios mais flexíveis como autodeclaração, autocertificação, bem como outras validações inteligentes baseadas em avanços da tecnologia.
“Não invista em qualquer iniciativa sem “champions”, ou apoio e patrocínio da alta liderança. Não desperdice o seu tempo e o dos seus colegas antes de montar um business case claro e objetivo, onde ganhos, responsabilidades e atividades estejam devidamente mapeadas e explicitadas para as pessoas impactadas, e a política de diversidade a ser implementada já possua apoio para ser aprovada pelos stakeholders globais da empresa.” — Leo Cavalcanti | CEO da Linkana
Por fim, é de suma importância a escolha de ferramentas e sistemas que sejam capazes de ajudar a gerir, expandir e dar sustentabilidade ao seu programa.
Com isso, Leo Cavalcanti pondera que ferramentas como a Linkana podem ajudar a revolucionar a realidade da organização de compras , dando escalabilidade, eficiência e automação na coleta, validação e análise de informações de fornecedores diversos, na linha das boas práticas e metodologias descritas neste texto.
“A rede de perfis certificados de fornecedores da Linkana é uma excelente fonte de busca e identificação de novos fornecedores diversos, complementando as bases qualificadas das entidades de fomento.”
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Sobre a Linkana
A Linkana é o primeiro e maior software de gestão de fornecedores em rede. Nossa base de dados de perfis compartilhados permite que compradores analisem fornecedores ativos e novos em alguns cliques.
Com isso, criamos e geramos valor com insights de informações comerciais, de risco, qualidade e diversidade, utilizados em processos de cadastro, onboarding, sourcing e análise de spend.
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A produção deste material contou com a ajuda de grandes marcas que apoiam a diversidade e a inclusão econômica em sua base de fornecedores:
Corporações:
Meta
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