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Quais são os principais erros na conceituação de fornecedores diversos?

Written byLeo Cavalcanti

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January 2, 2023

January 2, 2023

January 2, 2023

Quais seriam os principais erros na conceituação de fornecedores diversos? Para responder a essa questão, Leo Cavalcanti, CEO da Linkana, conversou com Thaís Marcelino da Silva, no episódio 6 do podcast Procurement Hero.

Thaís é Especialista de Compras e Líder de Diversidade e Inclusão de Fornecedores da Meta no Brasil (Facebook, Instagram, WhatsApp). 

Antes da Meta, ela havia passado por grandes corporações como General Electric, SCA e JLL e P&G, com vasta experiência em procurement, facilities e comércio exterior.

Nesta conversa, Thaís conta sobre os erros na conceituação de fornecedores diversos, e como é liderar a implementação de um programa de diversidade de fornecedores no Brasil, falando sobre obstáculos, dificuldades, e as diferenças da realidade brasileira comparada com a dos Estados Unidos.

Além disso, ela fala sobre quais campanhas e ações que um gigante como a Meta tem feito para divulgar essa pauta no nosso país.

Confira, agora, como foi este incrível bate-papo!

https://open.spotify.com/episode/62n0YvqUix3krM3idP7wdA?si=ntL18Os0QkO9CxxpdWfjFQ

Leo

Thais Marcelino da Silva tem uma longa carreira em áreas de procurement e facilities de grandes corporações. Hoje, lidera uma das maiores campanhas para diversidade da cadeia de fornecimento do país. 

Ela faz isso atuando como Líder de Compras, Diversidade e Inclusão de fornecedores na Meta no Brasil, marca mais conhecida pelos brasileiros por seus aplicativos Facebook, WhatsApp e Instagram.

Nesta conversa, Thaís conta como é liderar a implementação de um programa de diversidade de fornecedores no Brasil, falando sobre obstáculos, dificuldades, e as diferenças da realidade brasileira comparada com a realidade dos Estados Unidos.

Além disso, fala de quais campanhas e ações que um gigante como a Meta tem feito para divulgar essa pauta no nosso país.

Thaís é uma mulher incrível, e essa conversa não poderia ter sido melhor. Conheçam Thaís Marcelinho da Silva, mais uma compradora do futuro!

Ela odeia quando chama de Facebook. Não é mais para chamar, pessoal. Mas eu vou deixar ela contar essa história. Nossa querida Thaís Silva.

Thaís, está me ouvindo?

Thaís

Estou, estou te ouvindo. Que prazer, que felicidade poder estar aqui hoje, fazendo essa conexão com vocês. Muito obrigada pela oportunidade. E vou falar então, começar falando um pouquinho da minha trajetória, de como cheguei até aqui, como você falou.

Eu tenho quase 10 anos agora de experiência em compras. Eu iniciei minha carreira, obviamente, ainda na faculdade. Eu sou formada em Administração.

A primeira grande experiência que eu tive foi na GE HealthCare, trabalhei com a importação de equipamentos médicos. Lembro que depois eu fui para uma indústria de produtos higiênicos. Lá eu trabalhei também como compradora da parte de matéria-prima.

Eu costumo dizer assim, que todos os compradores precisam passar por isso. É um grande desafio, mas também um grande aprendizado. E é tudo muito diferente. Matéria-prima é muito diferente de tudo o que a gente está acostumado a fazer.

E aí antes de entrar para a Meta, antigo Facebook, eu passei pela JLL. Fiquei seis anos e tive como principal cliente a P&G. Trabalhei então na parte de facilities. 

Eu tenho um background bem grande na parte de serviços, de gerenciamento de contratos, e também na parte de construção civil.

E finalmente então, já faz mais de um ano — completei um ano em maio 2022 — que eu então lidero o programa de diversidade e inclusão de fornecedores para América Latina, trabalhando na Meta. Foi assim que eu cheguei na Meta.

Leo

Acho que isso acaba tocando no nosso tema. Programa de diversidade de fornecedores no Brasil, principalmente, é um tema bem novo. Eu diria que temos muitas empresas começando a explorar esse assunto. Estão começando a implementar ações específicas desse assunto.

Eu diria que tem um diferença muito grande entre o grau de maturidade do que está acontecendo aqui no Brasil, versus — provavelmente até você deve ter já observado, deve ter feito de benchmark — um país como os Estados Unidos que é a grande sede, a grande origem da própria Meta. E eu queria que você explorasse um pouquinho essas diferenças.

Para você que está liderando esses desafios de implementação, qual é a diferença principal entre fazer isso no Brasil e fazer lá em solo americano, por exemplo.

Thaís

Claro. Olha do meu ponto de vista a principal diferença que existe é a presença desse conceito de diversidade de fornecedores no mercado

Quando a gente fala de minorias, esse é um dos pontos que eu gostaria de comentar, hoje a gente não nem de chamar de minorias, porque não são minorias esses grupos. São grupos que chamamos de grupos sub-representados.

Isso já é muito presente nos Estados Unidos, muito mais do que aqui. Então a grande maioria das empresas que hoje, no Brasil e na América Latina, já possuem um programa de diversidade e inclusão de fornecedores, assim como você comentou, iniciaram esses programas nos Estados Unidos.

E a gente tem muita dificuldade de trazer isso para o Brasil, de trazer isso para a América Latina. Acho que isso já é um desafio  que a gente já enfrenta logo de início.

Então você tem as empresas que são as certificadoras, que são as organizações que fazem as certificações de fornecedores diversos. Isso já existe no mercado dos Estados Unidos há muitos anos.

Começamos a falar disso na América Latina em 2012, quando a gente tem a WeConnect, que faz a certificação de mulheres empreendedoras. Eles começam a executar também essa certificação na América Latina. 

Acho que outro ponto que você pode destacar de diferença é a capacidade de fornecedores também liderados por pessoas negras nos Estados Unidos. 

A presença desse grupo lá é muito expressiva, tanto que a gente como Meta, para 2021, estabelecemos uma meta de gastos com fornecedores diversos, e também definiu uma apenas para negócios liderados por pessoas negras.

Então essa é uma diferença bem gritante que a gente tem quando se faz uma comparação com os Estados Unidos.

Assim fica muito mais fácil você disseminar um conceito, falar de certificação e, principalmente, de incluir, de fato, os fornecedores nos processos, nessa cadeia de suprimentos.

Mas eu sou o lado otimista. Eu sei que liderar um programa de diversidade de fornecedores é uma história longa, um pensamento que você precisa ter a médio e longo prazo, porque você está plantando uma semente que, provavelmente, só vai colher a médio e longo prazo.

Mas eu sou otimista, eu sei que a gente vai avançar rápido e é isso que a gente já faz aqui na Meta também.

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Leo

Começar é fundamental, nesse contexto. E como você falou, muitas coisas a gente só verá o resultado em anos. E pelo que você já me contou, você já está fazendo isso há um tempinho.

Você falou um pouco dessas diferenças, já contou também um pouco dos obstáculos que aparecem somente pelo contexto brasileiro ser muito diferente do americano. E eu imagino que deve ter tido muito aprendizado.

Vocês já devem ter testado muita coisa, já devem ter visto muita coisa funcionando, outras não funcionando tão bem.

Disso que você mencionou, gostaria que aprofundasse essa ideia. Quais seriam as maiores dificuldades e os maiores aprendizados que você teve nesses últimos meses trabalhando especificamente na liderança da implementação desse programa.

Thaís

Essa pergunta é ótima. Eu acho que a gente pode falar de três pontos quando se pensa em dificuldade. Como eu mencionei no começo da nossa conversa a parte de conceito.

Conceito sobre o que são fornecedores diversos

Quando se começa a trabalhar com isso, você já nota, logo de cara, que os próprios fornecedores não sabem o que é um fornecedor diverso.

Eles não têm o conceito claro, que é o conceito que a gente que já trabalha com isso tem em mente, de que se trata então de composição societária. Que estou falando de fornecedores que têm, pelo menos, 51% do seu quadro societário de líderes, de tomadores de decisão desses grupos sub-representados.

Além dos fornecedores, quando eu olho para o mercado em geral, sei que o mercado também não está preparado para isso. Então o conceito de diversidade de fornecedores, ele acaba se confundindo muito com o de diversidade nas empresas, e não na cadeia de suprimentos, que é o que a gente está falando.

Então já aconteceu durante o meu trabalho, por exemplo, de no momento de fazer uma consulta com o fornecedor para saber se ele é um fornecedor diverso ou não, você se esbarra com respostas do tipo: 

"Não, a minha empresa é superdiversa", ou "Nossa, mas o meu time de marketing é superdiverso", e não é disso que a gente está falando. Quando a gente pensa, pensamos em quadro societário. 

Então o primeiro ponto é o conceito, é disseminar mais esse conceito. A parte de comunicação é fundamental.

Certificação de fornecedores

Aí eu acho que a gente pode falar também de certificação, porque temos ainda muitos obstáculos e tem, por exemplo, a questão do custo que envolve algumas organizações para que fornecedores sejam certificados.

Agora, além dessa questão, que pode ser financeira, os próprios fornecedores já têm uma expectativa errada do que é a certificação. Podem pensar que é um processo muito burocrático, quando na verdade não é assim que acontece.

A gente tem o WeConnect que, como já falei, faz a parte da certificação de mulheres empreendedoras. Temos a Câmara LGBT, que faz para a comunidade LGBTQIA+, e a gente tem a Integrare, que faz para pessoas com deficiência, indígenas e refugiados.

Temos o WeConnect com presença na América Latina, a Integrare e a Câmera com presença no Brasil.

Contamos demais com essas parcerias para disseminar o conceito de fornecedor diverso. Só que além disso precisamos trabalhar muito forte para engajar os fornecedores e eles entenderem a diferença que faz para os negócios deles, no final do dia, eles terem ou não uma certificação.

Engajamento da empresa de maneira geral

E o último ponto que eu diria é a parte de engajamento. Estou falando de engajamento mais interno nas empresas, de ter, de fato, desde uma alta liderança, você ter stakeholders, você ter a área de compras, todo mundo ali trabalhando em conjunto, envolvido, buscando fazer mais negócios com fornecedores diversos.

Pensando na mudança de políticas, talvez até na criação de novas políticas de compras para poder incluir esses fornecedores e, obviamente, levar em consideração alguns aspectos, que hoje a gente não leva, na hora de tomar decisão de quem vai levar aquele negócio dentro da sua empresa, de qual vai ser o seu fornecedor que será selecionado. Acho que isso é de extrema importância. 

Então, como eu falei, os grupos sub-representados têm, sim, grande capacidade de executar serviços, de entregar produtos de acordo com as necessidades dos clientes. Mas eu vejo que, na verdade, eles só precisam de uma oportunidade e, isso, muitas vezes, não acontece.

Como aprendizado, no último ano, foram muitas coisas que aconteceram. Mas eu acho que o principal é a gente começar uma mudança dentro de casa. 

Eu diria que, se você busca iniciar um programa na sua empresa, o primeiro passo do que você tem que fazer é buscar saber quem são os seus fornecedores, se eles são diversos. E, principalmente, começar a dizer "Olha, essas são as categorias de grupos sub-representados que eu vou considerar dentro do meu programa", fazer essa classificação, iniciar essa conversa sobre certificação.

Por isso que eu disse que é um caminho longo a seguir, porque você tem toda uma parte de educação que precisa executar logo de início com seus fornecedores, com seus stakeholders também. Ou seja, a parte interna também é superimportante.

A gente iniciou, como meta deste ano, uma campanha de mídia que está maravilhosa — estamos nas principais plataformas e tem muito conteúdo que ainda será divulgado — mas a gente faz justamente essa separação na campanha.

Temos uma parte de educação em que a gente começa dizendo para o mercado e para fornecedores o que é fornecedor diverso e dando a oportunidade para eles se inscreverem nesse programa e de virem fazer negócios com a Meta. Mas isso vai muito além.  

Nosso foco é, obviamente, trazer fornecedores para a nossa empresa, mas o principal é disseminar esse conceito no mercado.

Leo

Eu adorei suas definições, Thaís. Começando pelo começo, quando você fala da dificuldade, se eu puder resumir aqui.

Primeiro você fala muito dessa ideia nova, que é o conceito de fornecedor diverso, de como isso ainda se confunde com quadro de colaborador diversos, de como os próprios fornecedores ainda não sabem disso — as próprias empresas também não sabem.

Você também falou das dificuldades da abrangência das entidades de fomento, das certificadoras de fornecedores diversos, que ainda têm pouca relevância numérica, ou até de conhecimento de mercado no Brasil.

E você também falou dessa dificuldade de engajamento interna, principalmente quando a gente fala de alta liderança, de stakeholders, os champions dessas iniciativas, e o pessoal que vai estar na ponta tomando as decisões que impactarão esse negócio.

Dessa parte do aprendizado, o que eu achei muito legal de pontuar é que você está com a cabeça que "Pô, esse cenário não vai mudar do dia para a noite". 

Ou seja, ainda que a gente tenha muita ansiedade de bater meta, de expandir, essa é uma coisa que precisa começar de uma maneira mais planejada. E você disse que a Meta está muito focada no caminho da disseminação desse conhecimento.

A campanha de mídia fantástica que vocês estão fazendo, já conscientizando não apenas os stakeholders internos, mas abrindo esse conceito de maneira bem mais ampla, de maneira mais assertiva para o mercado. Acho que isso é muito legal, que faz total sentido, até pelo o que a gente tem visto por aí.

E isso vem para outra pergunta que eu queria te fazer. Porque você falou "Poxa, tem pouco volume ainda nas entidades certificadoras de fornecedores, o conceito ainda é pouco disseminado"

O que você acha que precisa mudar então, nessa realidade brasileira para, de fato, a gente ter isso nas cadeias de fornecimento das corporações do nosso país. 

Será que vai ser acelerar o processo de certificação, vai ser as empresas também flexibilizar o critério delas para poder equilibrar um pouco a conta, para não fazer uma coisa muito rigorosa e acabar não tendo efetividade.

O que você imagina que vai precisar acontecer primeiro, dada a sua experiência?

Thaís

Mudança de mindset

Primeiro é mudar o mindset. É justamente isso, tirar esse viés de pensar que esse fornecedor de um grupo sub-representado não consegue executar o seu serviço, não consegue cumprir com uma entrega de produto. Isso é um erro tremendo que a gente tem.

Em qualquer área de compras, qualquer comprador tem essa consciência de que muitas vezes é difícil você convencer seus clientes internos de que eles precisam dar a chance de, pelo menos, um parte daquele business de fornecedor diverso, para ele poder provar que de fato é capaz de executar o serviço.

E faltam muito mais empresas que possuem essa iniciativa, que estão prontas para iniciar um programa de diversidade de fornecedor. 

Mas eu vejo que isso precisa ser tratado como uma nova realidade, e não só como um movimento, como o que já acontece com o tema diversidade nas empresas. Muitas vão enxergar o assunto e transformar essa realidade.

Então, quanto mais diversos forem, quanto mais fornecedores diversos a gente tiver reconhecido, por mais empresas, isso vai realmente aumentar o que eu chamo de cadeia de suprimento.

Reação em cadeia

Se pensarmos no conceito original do que é uma cadeia de suprimentos é isso, você precisa, realmente, ter uma reação em cadeia, para poder incluir fornecedores diversos. Mas isso precisa vir também de uma alta liderança.

Não adianta nada ter uma área de compras superengajada, conseguir convencer as pessoas que elas precisam contratar esses fornecedores, mas a sua liderança não está comprometida com isso.

Por isso que nossas metas são superagressivas, e estamos conseguindo cumprir com elas, e isso é muito positivo.

Mas eu vejo que é preciso ter mais empresas que lideram isso no mercado, que têm iniciativas como essas. A gente até costuma dizer, nos nossos grupos, que ficamos compartilhando ali questões e ações sobre diversidade de fornecedores que, quando se trata disso, não existe concorrência. 

A gente olha para uma empresa, ainda que seja uma empresa que é seu concorrente direto, e quando você fala de diversidade de fornecedores você quer saber exatamente o que ele está fazendo, como ele está fazendo, aonde ele quer chegar com isso. Porque isso tudo é experiência, e é troca para todo mundo. Todo mundo sai ganhando com essa situação.

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Leo

E você falou aí no seu comentário dessas metas agressivas. E eu queria que você me contasse um pouquinho mais do que é isso. Você já falou da campanha de diversidade que vocês estão agora expandindo e lançando, que eu imagino que seja o grande carro-chefe do momento.

Mas o que está mais no horizonte. O que vocês têm mais de objetivo para os próximos meses ou onde vocês esperam chegar até o final do ano, até o meio do ano que vem. Você já tem alguma clareza dessas ações?

Thaís

Temos e é isso mesmo. Nosso foco principal neste ano, e já para o ano que vem, é a campanha de mídia. A gente já começou com uma página no Instagram, e estamos divulgando conteúdo, e agora teremos diversos influencers que já estão participando com a gente. Então estamos buscando quanto mais atingir esse público.

Nossa página tem acho que 300 seguidores agora, tem uma meta de, obviamente, aumentar muito esse número até final deste ano. 

Leo

Qual é o nome da homepage para o público começar a seguir já?

Thaís

Claro, é "Diversidade de Fornecedores". Você vai encontrar a gente no Instagram e já pode começar a seguir porque, como eu falei, estamos jogando muito conteúdo nessa página. E também estaremos em outras plataformas divulgando o nosso programa de diversidade de fornecedores.

E sobre números, a gente tem como objetivo principal, atingir para 2022 que, pelo menos 4% do nosso spend total com fornecedores, seja com fornecedores diversos. E hoje a gente está em julho, eu posso dizer para você que a gente já cumpriu boa parte desse nosso objetivo.

Mas é para frente. A gente estabelece metas, mas a gente quer isso como um guia. Mas não quer dizer que vamos ficar parados nisso. 

A nossa empresa é uma empresa agressiva, é uma empresa que tem muita presença no mercado, e óbvio que queremos sempre extrapolar isso.

E outro ponto que acho que é prioridade, para todos nós aqui é, de fato, se tornar uma referência no mercado de um programa que deu sucesso, não só no Brasil, mas na América Latina. E seguirmos com a nossa missão que é poder, cada vez mais, conectar as nossas comunidades.

Então o programa de diversidade de fornecedores vem impulsionando também toda essa visão, essa missão que a gente tem como meta, quando a gente fala de inclusão. A gente tem que pensar nessas relações também no futuro.

Eu já fico pensando nos desafios que a gente tem como uma empresa de tecnologia, de pensar em como vão ser relações — uma relação de compra, por exemplo — dentro de um Metaverse.

Isso são questões que a gente já começa a pensar aqui internamente, e que lógico, abre muitas discussões. Mas é esse olhar para o futuro, e isso é um grande desafio.

Leo

@diversidadedefornecedores, pessoal. Eu já estou seguindo e recomendo a todo mundo seguir também.   

Agora eu quero virar um pouquinho a chave, Thaís, porque você tinha dito para mim lá no início que estava nervosa com essa nossa conversa. Imagina se não tivesse, viu, porque você está dando um show aqui no conteúdo. Mas agora eu vou te colocar na fogueira. 

Vamos falar aqui também um pouquinho sobre você, que a gente sempre gosta de compartilhar experiências, que é onde a gente cresce mais, normalmente. E você tem uma longa trajetória em compras. 

Conta aí pra mim, qual foi o maior erro? Qual foi o dia mais difícil que você teve nessa sua jornada?

Thaís

Isso é difícil de dizer porque, olha, trabalhar na área de compras é um risco diário que você tem. Se você não for extremamente detalhista com seu trabalho, comprometido, se você não buscar sempre inovar, evoluir — inovação é uma coisa fundamental, e é algo que a gente não conversa muito quando fala de procurement. 

Tem muitas empresas no mercado que realizam processos da mesma forma há anos, e não se atualizam. Como é que você vai fazer, por exemplo, para que uma empresa dessa pense em um programa como esse que a gente executa? 

A gente não olha para isso como "Nossa, é um tremendo problema". Não! A gente está aqui para mudar. Vamos chamar essas empresas, explicar para elas do que se trata.

Então assim, erros do passado, eu vou falar assim: "Ah, eu cometi o erro de não ter olhado para a diversidade antes, porque isso é uma coisa que faz parte da minha vida. Independentemente do meu trabalho hoje, eu carrego isso na minha história.

Eu sou uma mulher negra, latina, que todos os dias precisa encarar desafios. Eu preciso provar porque que eu estou na posição que eu estou, porque eu tenho acesso às coisas que eu tenho acesso que, infelizmente, boa parte das pessoas do nosso país não possuem isso.

É uma carreira que fica diretamente ligada aos desafios que eu possuo hoje em dia, mas que são desafios que eu levo de uma forma um pouco mais natural porque eu sei qual é o meu propósito. Hoje eu consigo trabalhar com o meu propósito. Então isso é presente para mim.

Momento mais difícil da carreira

O dia mais difícil da minha carreira, Leo, na verdade, foi justamente uma questão pessoal. A gente ainda está passando por essa pandemia, que é algo muito complicado. Temos falado muito de questões econômicas, do impacto disso, mas o impacto disso na sociedade também é uma questão importante.

Eu tive meu pai no hospital com Covid por oito dias, em estado grave. Hoje ele está bem, o que é maravilhoso, mas eu tive que trabalhar nesses dias. É isso que eu falo, você tem que ser guerreiro o tempo todo na sua vida, tem que ser forte.

Então eu acho que esses oito dias foram os piores dias para mim porque foi uma questão de lidar com o sentimento e com razão, o que é complicado.

Leo

Poxa, eu só consigo imaginar, Thaís. Realmente teve muita gente que viveu muita coisa difícil nesses últimos anos. Obrigado por compartilhar. Muito massa ouvir seu testemunho, sua trajetória e parabéns mesmo! Eu admiro muito o seu trabalho. 

A gente se conheceu recentemente, mas eu acho que vocês têm feito um negócio muito legal na Meta, principalmente na posição que você ocupa. E a sua vida, a sua jornada, é muito legal de estar conhecendo, ainda mais hoje. E agora eu queria ouvir dessa Thaís a sua visão de futuro.

Thaís, quem é o comprador do futuro, ou a compradora do futuro?

Thaís

O comprador do futuro é aquele que tem um domínio de todas as fases do processo.

Quando você olha para a source e você entende que precisa apoiar e conquistar seus clientes internos, o que não é fácil. 

Ou seja, quando a gente falou bastante da parte de engajamento, principalmente você que está ali para dar suporte dentro de um processo, dentro de uma tomada de decisão, e que isso, no fim do dia, cria impacto para muita gente.

Por isso que eu falei do propósito, que você contratar um fornecedor diverso, você está contribuindo, tendo impacto na sociedade. A gente até discutiu isso recentemente, que muitas vezes você não está conseguindo nem medir, esse impacto. Essa é uma das coisas que a gente tem também que pensar em como fazer.    

Então, para mim, o comprador do futuro consegue apoiar esses clientes internos, consegue buscar inovação, como falei antes também, fornecer informação suficiente para esses momentos decisivos, que é uma troca de serviço, por exemplo.

Quando trabalhei em facilities eu enxergava muito isso. Se tem áreas críticas dentro de facilities que não é fácil você mudar de fornecedor. Quando você pensa, por exemplo, em um serviço de segurança, isso é muito importante. E lógico que, assim, o que a gente fala de um pós-venda, que é aquela  questão que todo mundo enfrenta nas empresas.

O comprador precisa estar de olho nisso. Ele pode ainda não ser responsável por um processo de pagamento, alguma coisa nesse sentido, mas eu vejo que ele precisa ter uma visão de como isso funciona na empresa dele.

E aí, por exemplo, quando a gente fala de fornecedor diverso, como é que eu trato a questão de prazo de pagamento? Isso vai ter um impacto direto no negócio desse empreendedor. Mas isso já seria uma nova discussão, a gente teria que ficar aqui mais uma 30 minutos para falar só disso.

Mas é isso. Para mim o comprador do futuro precisa ter uma visão que vai muito além das funções que ele realiza no dia a dia.

Leo

Dono do processo de ponta a ponta. Gostei muito dessa definição. Acho que fechou com chave de ouro, Thaís. Só tenho a agradecer você ter aceito nosso convite de participar do podcast, foi muito legal a conversa, aprendi muita coisa, te conheci mais também, que foi legal.

A gente tem muita coisa já em andamento, fazendo juntos, mas eu tenho certeza que a gente vai fazer muito mais. Você mesma falou e eu concordo, estamos só no começo da ideia de diversidade de fornecedores no Brasil. Então a gente tem muita coisa legal ainda para construir.

Conta aí para quem está ouvindo a gente, onde é que as pessoas podem te achar, entrar em contato contigo, trocar ideia sobre o que você está fazendo.

Thaís

Obrigada você, Leo. Fantástico poder ter esse bate-papo. Além de estarmos, como eu falei, comunicando, usando esse podcast para atingir mais pessoas ainda e poder discutir esse tema. Então é uma oportunidade incrível, agradeço demais a você, ao pessoal todo da Linkana.

E para me encontrar pode ser pelo Instagram, como eu falei. A gente tem como fazer contato, conversar com fornecedores. E também tem o meu LinkedIn que é Thaís Marcelino da Silva. quem quiser se conectar também comigo está aí disponível.

Leo

Mais uma conversa massa! Obrigado por ter escutado. Se você gostou, não esquece de seguir o nosso podcast. Se quiser saber mais sobre a Linkana acesse o nosso site em www.linkana.com, siga as nossas páginas no LinkedIn, Instagram e YouTube.

Eu sou Leo Cavalcanti, CEO da Linkana. 

Até o próximo episódio.

https://open.spotify.com/episode/62n0YvqUix3krM3idP7wdA?si=lf79jwp1SM6d1wSz8pjF4g

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