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Liderança feminina e inovação na construção civil: qual o peso no setor?

Escrito por Leo Cavalcanti

Escrito por Leo Cavalcanti

Escrito por Leo Cavalcanti

3 de janeiro de 2023

3 de janeiro de 2023

3 de janeiro de 2023

Liderança feminina e inovação na construção civil são dois conceitos que, nos últimos anos, estão mudando o cenário desse setor.

Majoritariamente masculino e com processos tidos como ultrapassados, esse segmento tem visto cada vez mais mulheres ocupando cargos de liderança e a tecnologia alterando, positivamente, os fluxos de trabalho.

Para falar sobre isso, Leo Cavalcanti, CEO da Linkana, conversou com Simone Santos no episódio 7 do podcast Procurement Hero.

Simone Santos tem uma longa carreira na construção civil e na área de procurement. Atualmente, é a Head de Suprimentos da Tecnisa, uma das principais construtoras do Brasil. 

Antes dessa empresa, Simone passou pela construtora Even na área de obras e também atuou na Cushman & Wakefield, que está entre as maiores companhias de serviços imobiliários comerciais do mundo.

Ela conta, nesta conversa, como a Tecnisa enfrentou o cenário caótico das grandes crises dos últimos anos, principalmente a pandemia e guerra, e o cenário de desabastecimento geral do canteiro de obras brasileiro. 

Simone ainda fala dos desafios de inovar e trazer a transformação digital para um setor tradicionalmente mais atrasado e lento como a construção civil, e também conta como é para uma mulher ocupar um cargo de liderança em uma área essencialmente controlada e ocupada por homens.

Siga a leitura deste artigo e confira, agora, como foi essa conversa sobre liderança feminina e inovação na construção civil.

https://open.spotify.com/episode/0uDx8NOSKgbtWADL2PGaKv?si=JemdtcxdRYihSe3y6Lx-kA

Leo

Simone Santos aqui, para conversar comigo, e eu já queria, primeiro, Simone, agradecer pela sua presença e que você já começasse a sua fala contando um pouquinho mais da sua vida, da sua trajetória profissional, até você se tornar, hoje, Head de Suprimentos dentro da Tecnisa. 

Simone

Olá, Leo. Olá, pessoal. Minha trajetória na Tecnisa é um pouquinho longa. Na verdade, a carreira de compras começou um pouquinho antes da Tecnisa, na parte de facilities. Quando eu me envolvi na construção civil foi que a oportunidade da Tecnisa aconteceu.

Desde então, eu fiquei parte da minha carreira em suprimentos, depois fui para a área de planejamento, acompanhei um pouco mais dos serviços em obra. Voltei para a área de suprimentos, só que de uma maneira um pouco diferente.

Eu saí do setor, saí do departamento com um foco. Quando eu voltei, comecei a enxergar todo o sistema de abastecimento, quais são as interfaces de execução. E, com isso, a gente acabou capacitando melhor o time, dentro das condições de construção.

Desde então, a Tecnisa tem deixado a área de suprimentos muito mais voltada aos assuntos de obra. Anda muito mais em paralelo do que uma área de staff sem comunicação.

E é uma das coisas que a gente mais observa na construção, que são aquelas guerras entre áreas, entre departamentos, sendo que um tem que suprir o outro, e é o nosso cliente final que acaba sofrendo um pouco com esses impactos de falta de comunicação.

Hoje, a Tecnisa tem uma bandeira muito mais voltada para o trabalho em conjunto, do que um trabalho apartado. 

Minha trajetória aqui na empresa, eu comecei como estagiária. Fui conhecendo algumas áreas, algumas funções, alguns tipos de compras. Hoje eu tenho uma carreira sólida e específica para a construção do começo ao fim.

Eu costumo brincar com o pessoal que eu falo "Olha, eu compro desde a fundação das obras de estrutura abaixo da terra — que é todo o trabalho de preparo de edificação — e eu vou até a última ponta que seria a decoração, que é o mobiliário da piscina”. 

A gente aqui tem condições de tratar o segmento do começo ao fim.

Leo

Que legal! E eu gostei muito dessa ideia que você falou que vocês estão agora com a visão de fazer as coisas em conjunto para que as áreas, de fato, operem em uma mesma direção, com o mesmo foco, que é para o benefício ao consumidor final. Então, essa briga eterna, essa guerra não ajuda muita gente. 

E eu acho que você teve uma experiência muito variada, né, Simone? Desde ocupando posições mais específicas operacionais, agora em uma função mais estratégica de liderança. Eu imagino que você já viu de tudo. 

A gente passou aí um contexto muito caótico. Eu tenho outras pessoas da construção civil com as quais converso, a gente sabe que esse cenário de pandemia, guerra, gerou uma confusão gigantesca em termos de suprimentos de materiais, da própria logística dessa cadeia de suprimentos.

Você falou que vocês estão muito focados agora neste futuro, de fazer as coisas mais harmônicas e eu queria entender melhor. 

Nesse contexto, nesses últimos dois anos de muito caos e confusão, qual é o principal desafio hoje que a Tecnisa enfrenta? Onde está a sua maior linha de prioridade quando pensa no mercado de suprimentos da construção civil?

Simone

Então, os principais desafios que a gente tem observado no segmento é o abastecimento, e a garantia desse abastecimento nas obras que gera muito retrabalho para a área de suprimentos.

Com a mudança de preço, quebra de parcerias, a gente tem intensificado muito o trabalho de homologar novas empresas, buscar pelo melhor custo e, não só isso, ter estoque, ter uma disponibilidade de matéria-prima.

E a falta de matéria-prima pega desde o segmento têxtil, que seriam uniformes e EPIs, como o abastecimento de materiais em si para dar segmento à construção. Falta de aço, o cimento todos os dias subindo pelo impacto do diesel.

Aí o diesel também tem uma cadeia bem importante, porque todo o abastecimento na parte de fretes, tudo envolve diesel. Às vezes, a gente vai trabalhar com alguma máquina. 

Então, hoje, o que a gente faz de diferente é, ao invés de só ir tratando a consequência, vamos direto na causa. 

Estamos investindo em equipamentos que usem mais de energia e não, de fato, do diesel, porque a gente não consegue armazenar diesel, e está sendo muito volátil a questão de preços.

Referente à mão de obra, ela também é outro desafio. Eu falei um pouco do material, mas a gente também tem o desafio da mão de obra, porque o mercado está aquecido. Os fornecedores não estão conseguindo manter a alta da inflação com o dissídio da categoria.

O que a gente tem mobilizado a companhia, e lá na frente a gente vai ver se, de fato, a Tecnisa seguiu no tiro certo com a estratégia, é dar mais condições para o funcionário, mesmo sendo terceirizado, mesmo sendo da empresa de um subcontratado.

É ele ter uma condição em um canteiro de obra mais limpo, mais saudável. Isso envolve projetos de toalha, projetos de padaria, projetos que deem um pouco mais de condição social para eles se sentirem, de fato, diferenciados no mercado.

Poxa, o canteiro da Tecnisa é diferente do canteiro da outra construtora. Então, aqui, eu tenho uma condição melhor de trabalho.

Uma das coisas que a gente aprendeu na pandemia é que, cada vez mais, a população está voltada para uma qualidade de vida, está voltada para um emprego legal. E, como está aquecido, ninguém vai passar desaforo em um lugar, sendo que tem outro que vai pagar a mesma moeda.

Então, uma das estratégias da Tecnisa é essa, é melhorar as condições dos canteiros, dar mais vida, dar uma harmonia melhor para quem está ali no dia a dia com a gente.

Na área de suprimentos, é abastecer e atender essa velocidade de demanda, sendo de quebras de contrato, sendo também pensar diferente no que temos feito todos os dias.

Leo

Que legal! E essa é uma abordagem bem diferente do que eu vi em outras empresas. Acho que o contexto é muito parecido para todo mundo. Resumindo aqui o que você falou, acho que esse cenário de inflação, de desabastecimento, da própria quebra de alguns relacionamentos ou por falta de mão de obra ou por falta do próprio insumo. 

É muito comum para todo o mercado, mas eu gostei bastante dessa abordagem da Tecnisa de tentar atrair novos fornecedores, ou manter os seus fornecedores por meio de diferenciação da oferta e da qualidade que vocês conseguem ter no canteiro da obra. 

De vocês mostrarem que a condição de trabalho aqui é mais legal. Você vai ter um ambiente de trabalho mais limpo, mais organizado. Ou seja, isso em uma relação de médio e longo prazo e eu tenho certeza que faz a diferença. Porque faz a diferença para funcionários e colaboradores, por que não faria para fornecedores?

Gostei, não conhecia. Acho que é uma estratégia bem diferente também, uma abordagem bem diferente. Eu espero muito que dê certo.

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Simone

Eu também espero porque, de fato, vai ao investimento, vai uma atenção diferenciada. Mas não tem outro jeito. E uma das coisas importantes também é você ter ciclo de obra.

Às vezes, você tem toda uma performance de canteiro, de condição de trabalho, e aí eu encerro uma obra e vou começar em um ciclo muito para frente. Então, não tem como o empreiteiro segurar essa mão de obra.

Mas se a gente garantir continuidade das etapas — que é agora o meu momento, que eu estou com um ciclo de obra mais contínuo — tenho certeza que os funcionários irão repensar e os empreiteiros também. Porque tem uma certa estabilidade e, de fato, uma parceria.

Leo

E você falou, Simone, que esse processo de busca de novos fornecedores, de precificação, otimização do canteiro de obra, falou na palavra velocidade. 

Eu falei para você que essa conversa seria bastante tranquila, mas agora eu vou jogar você na fogueira. Porque quando a gente pensa em velocidade, pensa em inovação e transformação digital. Historicamente, o setor de construção civil nunca foi o grande expoente, nunca foi o benchmark. 

Pelo contrário, sempre foi o setor mais criticado, sempre recebeu a pecha de atrasado, que as práticas eram muito manuais, tinha muito papel, muita coisa despadronizada. Consequentemente, tudo muito lento, ou talvez as melhores práticas cheguem muito depois de outros ecossistemas como a própria indústria, a parte de serviços, varejo.

Então, eu que contasse um pouco como é que tem sido ouvir essa frase e fazer o que você está fazendo na Tecnisa. É verdade, é mentira, como é que você enxerga?

Simone

De fato, se você olhar para o setor da construção, e ainda mais o público de São Paulo, é impressionante como uma grande capital igual a nossa ainda tem alguns processos de construção, algumas metodologias tradicionais. 

A Tecnisa tem no seu DNA um gosto por inovação, e a gente constantemente tem um desconforto, um incômodo organizacional referente a esse atraso, referente a esse processo que não condiz com a melhor qualidade de execução de trabalho, das melhores condições.

Então, hoje, na Tecnisa, a gente tem pensado diferente, tem investido desde plataformas para aumentar a velocidade do processo formal, que seria o trabalho dos bastidores, mas as metodologias de execução também.

Claro que aí tem que encaixar com a nossa arquitetura. É um conceito muito mais, desde o anteprojeto, até o início da construção. Mas a gente tem feito retroalimentações de mudanças de sistemas de construção, temos uma preocupação muito alta com ESG.  

Uma das boas práticas que a gente tem feito é retroalimentar a parte de projetos. Então, a gente bate lá no executivo, vê o que mudou, quais são as condições, quando a gente pode entrar. 

A gente planeja e replaneja a todo momento e, com isso, tem a avaliação de projetistas, de construtores. Recentemente, temos trabalhado nas últimas obras, nesses nossos ciclos com a construção de mão de obra civil como se fosse uma indústria mesmo.

Brincamos que, invés de você pegar as peças do Lego e ir montando um edifício, a gente terceirizou para uma empresa especializada, ela é uma multinacional e tem dado muito certo para nós.

Temos um novo empreendimento que vai ser com parede de concreto, traços no concreto também, como se fosse um traço único, armação etc. Então, constantemente, a Tecnisa tem pensado em melhorar a produtividade, com isso, o ganho de prazo também. Mesmo que, às vezes, esse valor não seja tão diferenciado entre as etapas.

E uma das nossas questões aqui, como suprimentos, é um olhar diferente dentro dessa condição de contratação. Porque se você, às vezes — desculpem até se eu estou indo muito específico —  pega uma argamassa, vou comprar uma pronta ou cimento e areia e fazer o famoso "virada em obra"? 

Ah, ok, mas não basta só isso. Eu vou colocar equipamento para rasgar o saco ou deixar um funcionário abrindo esses sacos e fazendo a logística para abastecer as torres?

A principal combustão, o principal exercício nosso é pensar, todos os dias, a cada contratação, a cada execução, quais são os riscos que a gente tem na operação, como reduzimos esses riscos. Com isso, acabamos trazendo uma facilidade do trabalho.

Leo

O que eu achei mais interessante dessa abordagem, sobre essa parte de inovação e transformação, se puder resumir, mais ou menos, o que você falou, é tanto a transformação e inovação nos processos, que levam até a uma parte mais de backoffice, de relacionamento, mas ali o você chamou de bastidores, até a própria inovação que tem que chegar na linha específica do produto ou do serviço. 

Como a gente faz a construção? O tipo de serviço que fará o beneficiamento final daquela obra. 

Então, é uma rede muito mais ampla do quando a gente fala das oportunidades de inovação e transformação, que até tem um viés diferente de outros cenários, como o meu, por exemplo, de tecnologia mais pura, ou até outras indústrias.

E eu imagino que, de todas essas frentes, não é, Simone, tem uma coisa que você sente que estão mais atrasadas, o que incomoda mais e o que você gostaria de mudar com mais velocidade.

Então, se isso fosse uma lâmpada dos desejos, o que seria, tipo, a sua prioridade zero para mudar no setor de construção, dentro desse contexto específico de suprimentos e por que você gostaria de mudar isso tão rápido?

Simone

A transformação está acontecendo. Eu sempre tive um problema burocrático alto aqui dentro da companhia. Colocamos em uma página em branco alguns processos e começamos a atualizar e ver as importâncias e os motivos do porquê cada processo tem uma tratativa diferente.

O que mais incomodava a gente era, de fato, a burocracia, porque, ao mesmo tempo em que você tem que ter uma velocidade, você tem que ter uma condição técnica legal. Você também tem que estar preparado para uma auditoria, principalmente empresas de capital aberto, é preciso ter toda uma rastreabilidade do processo. 

Uma das coisas que a gente tem focado é nas revisões de processo. Tem deixado o processo um pouco mais transparente, mudando a axonometria, mudando nome das contratações, número de processos do começo ao fim para facilitar todas as pontes, todos os pilares nossos aqui, de conseguir compreender onde está cada etapa.

Trouxemos, de fato, uma tecnologia, uma inovação desde o modo operacional até o modo de execução aqui dentro da Tecnisa.

Leo

Muito legal! Acho que esse ponto acaba conectando muito com essa ideia do papel contínuo dessa transformação. 

Acho que é um contexto muito frequente em grandes empresas, essa dualidade entre a necessidade de conviver com a burocracia — muito ligada a processos, às auditorias, ao compliance que você tem o dever fiduciário que você tem com investidores de empresas de capital aberto —, mas com a velocidade que você precisa ir e que o mundo novo exige que essas empresas tenham para não ser engolidas. 

A concorrência está aí, as outras empresas também estão se mexendo. Então, resumindo esse equilíbrio dessas forças, talvez para a velocidade, não ser tão consumida, tão engolida por essa burocracia, talvez seja o principal desafio que você está hoje, meio que mantendo os pratos ali rodando para fazer essa mágica, eu diria, acontecer.

Isso é bem bacana. Acho que isso é uma coisa que deve ser ainda mais difícil falando em construção civil. 

Mas, falando em dificuldade, Simone — eu acho que até em outra abordagem, porque acho que isso é uma dificuldade diferente — também além de ter uma pecha de atrasado, tem outra talvez característica, não tão positiva do setor de construção civil é que ele, historicamente, sempre foi também um setor muito masculino. 

Muito composto por homens, sempre a figura masculina, principalmente em cargos de liderança, e existir uma Head de Suprimentos em uma empresa como a Tecnisa é uma coisa, infelizmente, ainda um pouco atípica dentro do nosso cenário brasileiro.

Eu queria que você contasse como é ocupar esse papel, ter essa função enquanto mulher e como foi essa trajetória até chegar aí, partindo desse viés.

Simone

A Tecnisa, de fato, sempre concedeu muito espaço. Eu mesma, na minha carreira, passei por diversas cabeças, tive várias diretorias, passei por mudanças estratégicas. E uma das coisas que eu observei é que a empresa sempre deu espaço para quem estava ali, bem colocado, no momento da necessidade. 

Então, assim, eu não vejo a minha companhia como uma empresa que não dá espaço para a mulher, para a pessoa, para a condutora do sexo feminino.

Porém, a construção civil abrange muito as hierarquias pontuadas para os homens. E uma das coisas que a gente observa no dia a dia é que, às vezes, pelo fornecedor, pelo mercado, está começando a ter uma mescla. 

Os dias de hoje têm sido mais fáceis do que no começo da carreira. Uma das principais mudanças que eu tenho visto é o respeito na escuta. Mas não tem como a gente chegar aonde chegou, a mulher chegar no peso que hoje ela está ocupando no mercado, sem boa bagagem, sem uma contra-argumentação. 

Então, vai muito além de um condução de "Ah, é sexo feminino, sexo masculino". Cada vez mais, o profissional, ele tem que se provar técnico, tem que se provar comercial. Ele tem que saber o que ele está fazendo para estar ali.

Antigamente, a gente tinha aquelas pessoas que eram promovidas pelo tempo de casa e, hoje em dia, não é mais assim. Não temos mais o tempo de casa que vai nos fazer alcançar certo patamar, mas, sim, o desafio que você está disposto a superar, passar e cumprir.

Então, o que eu percebo bastante na minha trajetória é que eu, felizmente, entrei numa companhia que ela tirou um pouco o olhar do sexo, e sim da competência de quem estava ali atrás da cadeira. 

Hoje eu trabalho com uma equipe muito mista. Ela tem mulheres e tem homens. Nós temos uma diversidade no time. Tem pessoas de diversas idades, cada um tem uma vida diferente da outra. 

A gente não tem robô, a gente tem que ser humano e, dentro da limitação de cada ser humano, começamos a extrair o melhor. Aqui, eu volto a dar o exemplo do canteiro, pois aqui dentro é a mesma coisa. Existe uma pressão, existe também uma volta da velocidade, mas isso não ultrapassa a questão do respeito. 

E aí quando a gente fala de respeito, é desde o respeito técnico, de saber ouvir e entender propósito dos dois lados, e a negociação está muito atrelada a isso. 

É o fornecedor que, às vezes, quer te explicar que "Olha o meu produto ele é melhor porque ele tem mais aproveitamento e não é só o preço", e o comprador, ele tem que estar ali também aberto a entender o outro lado, escutar e estudar um pouco melhor o que está fazendo para não ser tão chato taxativo.

O que eu percebo como companhia é que, graças a Deus, eu estou em lugar que tem espaço para o público feminino, para mulher.

Leo

Que legal! Parabéns aí, porque se o parâmetro é competência para o crescimento, para oportunidade, só o fato de você ocupar a cadeira que você ocupa hoje, demonstra que você galgou, conquistou esse espaço.

É muito legal entender também que uma empresa como a Tecnisa tem essa visão que, com certeza, acaba inspirando outras mulheres também a quererem ocupar esse espaço, porque entendem que é possível, entendem, sim, que ele está sendo dado, que não vai haver preconceito, que não vai haver uma espécie de discriminação. 

Cada vez mais é importante ser fomentado e falado, porque sabemos que não é tão comum ainda, como você mesma falou, que ainda não é algo que o próprio setor já tem no seu DNA. Mas são essas pequenas iniciativas que, com certeza, vão transformar essa realidade. 

Eu acho que, enquanto a gente está falando de transformação, Simone, você falou muito de competência, falou muito de inovação e futuro. Então, vou deixar aqui a última pergunta para você, antes de encerrarmos.

Quem, para você, é o comprador ou a compradora do futuro

Simone

Ótimo, boa pergunta. Eu acho que o comprador do futuro ele está além dos três comparativos, daquela regra de compra que "Ah, eu vou apertar o fornecedor". 

Se o comprador do futuro tiver a cadeia do que ele faz, muito bem trabalhada, muito bem analisada, ele consegue fazer algumas junções no escopo que foi preestabelecido. Ele pode fazer sugestões para poder mudar a matéria-prima aplicada, isso eu falo para qualquer segmento.

Se a gente entender um pouco da cadeia que a gente está abastecendo, no papel de compras, ultrapassamos o canal de implantador de pedidos, implantador de contratações. A gente vai fazer uma gestão de contrato, de processo e, o mais importante, é utilizar a tecnologia a favor, não para deixar a posição do comprador mais vulnerável, ou até mesmo "emburrecer", fazer um retrocesso na capacidade. 

Fora o preço, a pessoa tem que olhar um pouco o que os sistemas hoje já trazem, um comparativo de preço. Você tem que, agora, comparar solução e colocar na mesa o que que é o melhor para a companhia, que vai ao encontro da estratégia da empresa.

Leo

Fantástico, show de bola! Muito rico e concordo 100% com essa visão. Sair das três cotações, sair daquele operacional e, de fato, estar alinhado com as necessidades que, hoje, suprimentos precisa, que não são poucas, e não são lentas como eram há 20 anos.

Simone, muito legal a conversa. Queria agradecer a sua presença. É muito legal ter mais uma mulher aqui para fazer a diversidade também no podcast da Linkana.

Antes de finalizar, queria abrir até para você poder dizer como é que as pessoas podem entrar em contato contigo para saber mais do seu trabalho e saber mais o que você está fazendo em suprimentos.

Simone

Pessoal, vocês vão me encontrar no LinkedIn. O pessoal da Linkana vai compartilhar o meu contato no link

Eu, cada vez mais, estou utilizando o LinkedIn como uma ferramenta de multiplicação de conhecimento. Então, convido vocês a me seguirem e vamos juntos mudar essa cadeia tão importante que é a área de procurement e suprimentos.

Vamos continuar abastecendo as grandes companhias. Um abraço!

Leo

Mais uma conversa massa! Obrigado por ter escutado. Se você gostou, não esqueça de seguir o nosso podcast. Se quiser saber mais sobre a Linkana, acesse nosso site em www.linkana.com, siga as nossas páginas no LinkedIn, Instagram e YouTube.

Eu sou Leo Cavalcanti, CEO da Linkana. 

Até o próximo episódio.

https://open.spotify.com/episode/0uDx8NOSKgbtWADL2PGaKv?si=bTca63paQcescrCM_cCB4Q

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